E a partir deste mês, a arqueóloga aventureira poderá adicionar mais uma similaridade à lista: Ela também será escrita por Gail Simone, numa série contínua para o novo livro de Tomb Raider da Dark Horse Comics, ilustrado por Nicolás Daniel Selma. Para Simone, uma autoproclamada jogadora ávida, é uma chance – assim como vários projetos grandes do passado – de escrever sobre um personagem que ela ama. Evitando qualquer esnobismo na adaptação de videogames para os quadrinhos, Simone disse ao CBR News que ela se sente feliz por estar trabalhando numa série inspirada numa longa e influente franquia que sua personagem principal é “completamente durona”.
“Tomb Raider” não é novo nos quadrinhos, mas a série está situada na continuidade do grande sucesso do reboot de 2013 e age como a continuação oficial da história – Simone vem trabalhando de perto com a escritora do jogo, Rhianna Pratchett e o time de desenvolvimento da Square Enix.
CBR NEWS: Gail, você deixou claro seu entusiasmo para Tomb Raider, especificamente no jogo mais recente. Como uma jogadora devota, qual o item do mais recente capítulo que chamou sua atenção e a convenceu em trabalhar na história em quadrinhos?
Gail Simone: Eu amo videogames, e sou uma jogadora ávida. Mas por ter uma escrita brutal e uma agenda de viagem, eu sou mais uma iniciante, do que uma finalizadora. Jogando o novo “Tomb Raider”, eu fui imediatamente sugada para dentro do jogo. A escrita, a jogabilidade, os gráficos, eu senti transportada. Eu joguei por completo no Xbox 360, voltei e peguei todos os colecionáveis, e então comprei o jogo para PS4 e estou me divertindo pela segunda vez. Eu gosto do arco e de headshots. As armas são para quando estou sem flechas, eu digo.
Uma das alegrias desde trabalho para mim tem sido a oportunidade de transformar meu sonhos em histórias com os personagens que eu amo. Sendo Os Simpsons, Batgirl ou Deadpool, eu realmente me alegro muito tentando compartilhar essa afeição aos personagens com os leitores. Eu gosto de tentar trazer o leitor para a experiência, para tentar mostrar algo que eles não sabem sobre essas icônicas figuras.
Lara Croft pertence a esse grupo muito especial de arquétipos que são imitados constantemente, mas nunca igualados. É um prazer escreve-la; ela é completamente fodona.
Com qualquer projeto deste tipo, eu imagino que haja um ato de equilíbrio entre satisfazer fãs hardcore da propriedade existente e também manter as coisas acessíveis para as pessoas que podem nunca ter jogado um dos jogos, mas estão interessadas por causa da equipe criativa ou simplesmente porque parece legal na prateleira. Como você se aproxima nesse aspecto?
Os fãs hardcore querem a mesma coisa que qualquer leitor quer: eles querem uma boa história contada com sinceridade e respeito. Nós, como uma indústria, parecemos aterrorizados com os leitores sérios e eu realmente não entendo isso. Eles são apenas apaixonados, é tudo.
Eu sinto que por estarmos num ponto inicial da história de Lara, não há um peso esmagador da história passada que pode alienar leitores casuais.
Ao mesmo tempo, eu sou abençoada o suficiente por ter escritores do jogo e desenvolvedores disponíveis para responder quaisquer dúvidas e eles tem sido incrivelmente apoiadores. Rhianna Pratchett, a brilhante escritora do jogo, tem me dado tremendos pequenos fragmentos que dão dicas das coisas maravilhosas que estão por vir.
Nicolás Daniel Selma está na arte. Eu sei que ele tem uma experiência anterior com Tomb Raider, mas ele é provavelmente um nome desconhecido para a maioria dos fãs no momento. O que você pode dizer sobre colaborar com ele até o momento e como ele foi capaz de trazer o mundo para as páginas?
É prazeroso trabalhar com Nicolás e ele tem esse traço maravilhoso, ele desenha com olhos de animador, por isso tudo parece um momento perfeitamente escolhido para transmitir a personagem e a ação. Além disso, ele é fantástico nos ambientes, o que é mais essencial neste livro do que em qualquer outro quadrinho que já trabalhei. Nós temos sorte de tê-lo.
De Bárbara Gordon para Mulher Maravilha para Red Sonja para Deadpool, você escreveu algumas protagonistas únicas e coloridas. O que faz Lara Croft interessante para você? O que você é capaz de contar em suas histórias que você não teve a oportunidade em outros quadrinhos?
A coisa que mais amo em trabalhar nos universos DC e Marvel é a continuidade compartilhada. Eu sou selvagem para a tapeçaria e fazer conexões, quando mais obscuro, melhor.
Tomb Raider é o oposto – Lara tem alguns amigos, mas quando ela vai fazer algo, ela vai sozinha, sem apoio, sem suporte. Há uma cena no jogo em que ela escala a torre do rádio e é impressionantemente cheia de suspense e bonita, e parece que ela é a única pessoa no mundo, tirando a voz desencarnada no rádio. Estes temas de isolação e autossuficiência na face do impossível a encaixam muito bem.
Como foi o processo de desenvolver a história para esta série? Quanta consideração é dada à noção de contar uma história de Lara Croft que leva vantagem do meio dos quadrinhos?
Bastante, as diferenças deste meio são sutis e muito interessantes. No jogo, há o hiper-realismo dos gráficos que são bastante diferentes dos quadrinhos, ela pode levar 50 tiros, esperar um pouco e ficar bem. Eu não posso fazer isso nos quadrinhos. Eu não posso matá-la e depois reviver. As necessidades são diferentes e fascinantes.
Além disso, 12 edições sobre ela rastejando pela ilha, não acho que traduziria. Então estamos contando uma aventura mais ampla com mais definições e algumas bem familiares para aqueles que prestarem atenção!
Eu estou tendo uma explosão.
Uma grande parte da série parece ser um elemento de volta ao mundo, com locais reais e fictícios. Você pode compartilhar alguns locais que os leitores irão ver? E você se baseou em suas próprias experiências viajando ao redor do mundo participando de convenções?
Absolutamente Lara estará em vários países diferentes nestas primeiras doze edições e eu recorri a diversos amigos locais em cada um deles para não acabar me envergonhando muito (eu espero!). Eu não quero entregar muita coisa, mas Lara definitivamente tem uma medida no Guinness em um ponto.
“Tomb Raider” é descrito como uma série continua. Você está fazendo planos a longo prazo com a história?
Sim, existem algumas surpresas à vir na qual estou muito animada. É divertido trabalhar tão de perto com os desenvolvedores do jogo, há um pouco de vai e vem, e eles estão muito interessados em ouvir minhas opiniões sobre os personagens e suas motivações. Eu me sinto parte de algo maravilhoso desta forma.
A primeira vez que joguei Tomb Raider foi como criança, eu fiquei atordoada. Era um jogo de aventura com uma protagonista feminina e fazendo todo as coisas grandes e tomando riscos. Significou muito para mim e mudou o cenário até certo ponto, ele deslocou o chão.
Eu me sinto feliz. Fiquei um pouco engasgada por um momento, me desculpe.
Para as pessoas apenas perifericamente familiarizadas com a propriedade, há um senso de ceticismo sobre os quadrinhos de “Tomb Raider”. Ambos pré-concebidos sobre a franquia, bem como a viabilidade de quadrinhos baseados em videogames no geral. O que você tem a dizer em resposta a uma pessoa tão teórica?
Eu diria que essa pessoa teórica não pode realmente seguir qualquer meio de perto, eu acho. Algumas adaptações de jogos para os quadrinhos têm sido grandes sucessos, escritas e desenhadas por alguns dos melhores da indústria. E eles geralmente trazem pessoas que, de outra forma, não leem quadrinhos.
E quando o jogo quer dar uma importante história passada para os personagens, ele escolhem fazê-la na forma de quadrinhos, não animação ou proza. A nova edição definitiva tem o romance gráfico “Tomb Raider: The Beginning” incluído já no disco, selecionável pelo menu principal.
Neste caso, eu literalmente estou falando com pessoas que fazendo jogos diversas vezes por semana, estou trocando diversas ideias com a escritora da sequência. Vocês não pode simplesmente ser mais autêntico do que isso.
É a incrível Lara Croft. Eu devo à ela fazer isso certo, você sabe?
Confira a capa da quinta edição, produzida por Brian Horton.